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25 de Maio, 2021 by Synorbi

Uma noite na cela

Uma noite na cela
25 de Maio, 2021 by Synorbi

Em dia de descanso do período pascal sabe bem ouvir histórias. Esta decorreu há cerca de
sessenta anos atrás. O protagonista, que de pretenso arruaceiro passou a guarda-fiscal e de
guarda a tasqueiro, é pródigo em pormenores. Grande parte escapou-me. Apenas retenho os
mais relevantes da narrativa.
– Sabe, ó advogado, quem mais mente em tribunal, é quem mais se safa!
Sentencia, sem me dar hipótese de retorquir.

– Estes tremoços são bons pró colesterol. Ainda estão meio amargos.
Vai dizendo, encostado ao balcão do Chop, enquanto manda vir três finos. Eu e o Victor Pop
agradecemos.

– Já tenho oitenta anos, sabe?
Não parece. Aparenta menos dez. Preserva a boa figura de outrora
– Agarrei na piçarra e atirei-lha à cabeça. A sorte dele é que a pedra era mole e esmigalhou-se.
Mas, a cabeça botou sangue! Fomos todos pró quartel da guarda. Foi o Riço que nos trouxe no
táxi. Quem pagou, não sei. Eu era o mais novo.

– E mentiu no tribunal? – indaguei…

– Claro! Ia dizer que fui eu? Ai não! Neguei tudo! E não é que o juiz acreditou em mim? Eu era o
mais novo, já lhe disse. Aquilo, sabe… eram questões de namoricos. Já vínhamos picados de
um baile da festa do Variz. Jogámos todos à pedrada. Eu tanto dei, como apanhei. No tribunal
ainda me fiz de vítima. Mostrei uma ferida no braço. Até fui ao médico e tudo.
Tinha levado uma calhoada, mas o de lá não ficou melhor! Os outros já tinham perto de trinta.
Eu era um garoto! O juiz teve pena de mim e ainda me usou como exemplo e disse: “ponham os olhos
nele! Tão novo e a falar a verdade!”
Lá tive que dormir uma noite na cadeia velha. E paguei cem escudos de caução para não ficar
preso mais tempo! Naquela altura, era dinheiro! A minha sorte é que um dos praças da GNR
era meu tio. E dormi na tarimba dele. Foi um fartote, porque naquela noite também lá
estavam presas umas putas. Chamavam-lhe as “marinheiras”. Eram ciganas. Mas eram boas,
caraças! Deixou-me ir espreitar à cela delas! Foi o meu prémio! Só por isso, valeu a pena
passar a noite na cadeia!

Fonte: (“O Alferes Maçarico e outras histórias” – Antero Neto, Editora Lema d’Origem)

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