Monóptero de São Gonçalo

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Monóptero de S Gonçalo

Monóptero de São Gonçalo

Nota Histórico-Artística

No local onde hoje se ergue o Monóptero de São Gonçalo existiu, outrora, uma ermida com a mesma invocação. Fundada cerca de 1571, na Quinta Nova, propriedade dos Távoras, este templo encontrava-se já bastante arruinado em 1720. Na realidade, a descrição que o padre Agostinho Dias da Silva fez da ermida revela-nos que, nessa data, apenas subsistia a capela-mor, transformada em espaço para recolha de gado. Todavia, o referido padre informa-nos que, nesse mesmo local, havia sido erguida, a expensas da população, uma outra construção para albergar a imagem de São Gonçalo, em alabastro. Ou seja, esta nova arquitectura corresponde ao monóptero que hoje conhecemos, e cuja edificação deverá situar-se, sensivelmente, nesta época.
Nesta medida, o monóptero assinalava um lugar santo, tal como a "cruz assinalava as cabeceiras das igrejas paroquiais abandonadas" (RODRIGUES, 2001, p. 413). Todavia, a sua configuração parece encerrar um significado bem mais complexo, que o recente estudo de Luís Alexandre Rodrigues procurou esclarecer.
Assim, a planta circular, as colunas com fustes pseudo-salomónicos, os capitéis jónicos e a balaustrada que se lhe sobrepõe, convergem para a materialização de uma arquitectura híbrida, mas fortemente actualizada em relação à linguagem barroca de origem italiana, com citações clássicas, (utilizada em Santa Engrácia ou na igreja do Loreto, em Lisboa) (RODRIGUES, 2001, p. 413).
Por outro lado, a configuração do monóptero não deixa de recordar o templo de Jerusalém, facto que pode ser associado à Ordem de Cristo, que tanta influência teve nesta região. De facto, na época posterior ao Concílio de Trento, a questão do Templo de Salomão como ideia de perfeição, foi retomada, a diversos níveis. Reflexo desta situação é a importância conferida à planta circular, que teve um impacto decisivo na preferência pela composição centralizada dos sacrários, num período em que o sacramento da Eucaristia e a devoção ao Santíssimo conheceu um impulso fortíssimo. Paralelamente, e na península Ibérica, as obras dos jesuítas Jerónimo do Prado e João Baptista Villalpando e, posteriormente, de Caramuel de Lebkowitz, retomaram a ideia de reconstrução do templo de Salomão e a representação do novo Santo Sepulcro, ou Templum Domini. (RODRIGUES, 2001, pp. 418-420).
Se, até agora, não foi ainda possível estabelecer uma linha de continuidade entre estas questões e o monóptero de São Gonçalo, parece-nos que a sua edificação não se deverá afastar deste quadro de leituras iconográficas, pois só assim seria possível justificar e compreender a sua arquitectura, quase única no país e bastante estranha a esta região.
Rosário Carvalho

Fonte: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/156167

Detalhes

Área de Atuação
Turismo Aventura, Percursos Pedestres
Interesse Turístico
Arqueológico e Arquitetónicos, Recreação

Informações de Contacto

Morada
Quinta Nova (Quinta de Nogueira), Penas Roias, 5200-311 PENAS ROIAS, Mogadouro, Bragança
Telefone Móvel
Telefone Fixo
Cód. Postal
5200-206 Mogadouro

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Batista Vitor

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