SISTEMA FERROVIÁRIO COMO SUPORTE ESTRATÉGICO PARA A DINAMIZAÇÃO TERRITORIAL: Reabilitação do Património Industrial na Linha do Sabor

Autor: Teresa Alice Pinto Amaro

Projeto Final de Mestrado para a Obtenção do grau de Mestre em Arquitetura

Nota biográfica do autor: Nascida em 1996, natural de Mogadouro e residente em Lisboa. Arquiteta com especialização em arquitetura e reabilitação do edificado, pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, e com formação artística especializada em Design de Produto, especialização em Design Têxtil, pela Escola Artística Soares dos Reis.

Sumário: O tema da ferrovia é novamente motivo de debate e torna-se questão pertinente no quadro das possibilidades de desenvolvimento no presente, tendo em conta que se pode entender como suporte para o modo de transporte mais
sustentável a nível económico e ambiental. Face a uma emergência climática e ambiental, entendida comummente enquanto problema global, torna-se também preocupação de primeira ordem nas agendas políticas de todos os países, tal como fica expresso em acordos como o de Paris, que estipulam metas a cumprir em prol da nossa sobrevivência, a implicar a reconfiguração de hábitos vivenciais que permitam reabilitar um equilíbrio suficiente para a continuação da vida humana no planeta.
Assim, o repensar da importância da ferrovia pode – ou deve – encontrar também a justa expressão a nível nacional, encarando-se a temática como oportunidade no combate às assimetrias existentes no território continental português.
Segundo esta lógica, o presente trabalho propõe um novo olhar sobre a importância do caminho-de-ferro nas zonas do interior, em particular nos territórios de fronteira como o de Trás-os-Montes. O interior de Portugal não pode continuar a ser visto como o lado oposto ou residual aos contextos urbanos do litoral, e a sua localização geográfica de fronteira deve ser entendida como instrumento potencial de desenvolvimento e de reequilíbrio do nosso país como um todo.
Neste sentido, é desenvolvida uma proposta de reativação de um antigo ramal ferroviário- a Linha do Sabor- e considerada a benevolência transnacional da sua ampliação até Zamora, em território espanhol. Deste modo, ligar-se-ia a zona litoral norte pela Linha do Douro, até uma das zonas de Trás-os-Montes que se encontra mais isolada, e daí se distenderia até Zamora, figurando-se simbolicamente um compromisso de entendimento do território como problema comum, superlativo às delimitações históricas dos estados-nação. Até porque ali, no lado espanhol, passa a rede ferroviária de alta velocidade, que conecta o país vizinho à Europa de que somos parte integrante.
Posteriormente, seria selecionada uma das antigas Estações da Linha do Sabor, como lugar de desenvolvimento de um projeto de arquitetura. Este engloba a reabilitação de alguns exemplares de Património Industrial e Ferroviário da via-férrea em causa, entre eles, parte do edificado da Estação de Mogadouro e a reconversão de um silo desativado para adaptação a um programa hoteleiro.

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